A evolução da nanotecnologia em cosméticos - o uso de partículas muuuito pequenas, equivalentes a 1 bilionésimo de 1 metro ou 0,000000001 m - foi comemorada pela indústria, pois os ingredientes manipulados em nanoescala funcionam como um "sistema de entrega aditivado" na pele. Eles penetram melhor, têm a liberação controlada em doses e apresentam maior estabilidade na formulação. Peguemos, por exemplo, o dióxido de titânio e o óxido de zinco, utilizados em protetores solares físicos. Se aplicados em nanoescala, eles *não* deixam a pele esbranquiçada. Obaaa! Mas, peraí. Neste tamanho, ambos os metais podem ser absorvidos pela pele e cair na corrente sanguínea (um comportamento só esperado por filtros solares químicos). Aparentemente, isso é um problema.
Há evidências crescentes de que as nanopartículas podem ser absorvidas por inalação (através do uso de sprays) ou por estruturas cutâneas, como os folículos capilares, danificando o DNA da pele e estimulando inflamações ou a produção de radicais livres quando exposta à luz ultravioleta –, ou seja, o sol do dia a dia. Um dos estudos recentes, publicado em 2021 pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra (https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2105245118), apontou que nanopartículas como prata e óxido de zinco, usadas em cosméticos, podem ter acesso ao cérebro e contornar sua barreira hematoencefálica, algo que pode afetar negativamente a função celular e a saúde do cérebro.
Na prática, são vários produtos convencionais que usam a nanotecnologia, como séruns que armazenam vitaminas, maquiagem que entregam efeitos brilhantes e hidratantes que exterminam bactérias para conservar sua validade longa. Por enquanto, os fabricantes não precisam anunciar o uso deste recurso. E a maioria dos materiais em nanoescala é muito pequena para ser vista em microscópios de laboratório convencionais. A única opção ao consumidor consciente é usar produtos que declarem não usar nanopartículas ou comprar em lojas que declarem que os itens comercializados em seu ambiente não utilizam ingredientes nanos.
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